sábado, novembro 22, 2008

Porque TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO!

E assim foi:



Quando saiu de mim, você, criaturinha que virou gente naquela hora, saiu chorando o seu primeiro choro. Um choro resmungadinho, choroso, manhoso de querer mãe, mesmo sem saber que queria era mãe. E te colocaram sobre mim e, enquanto eu pensava que comigo seria diferente, que você ia continuar chorando, você olhou pra mim.

Você olhou pra mim! Com um olhar de ‘olha, era isso que eu queria e nem sabia!’. E eu, mãe, pude ver que sorriu naquele olhar. Fitou meus olhos e foi a cena mais linda que já vi na vida. Você estava olhando pra mim com os olhinhos lindos que tem e eu nem acreditava que você estava mesmo fazendo aquilo! Cutuquei seu pai e disse ‘Rubens, Rubens! Ele tá olhando pra mim, olha só! Viu? Viu?’. E seu pai, bobo, estava parado, estático, olhando pra você também. E dizem por aí (suas avós dizem) que uma das coisas mais lindas na vida delas foi ver seu pai te carregando no colo, como se carregasse a pedra mais preciosa e mais rara. E você mexia as mãozinhas e olhava pra elas.

Desde então viramos pais. E eu virei sua mãe.

Reconheço seu choro, seu sorriso, sua gargalhada gostosa... Sei quando é manha, birra, preguiça... Reconheço seu cheiro e sei até dizer por onde andou, se ficou mais com o seu pai ou com a sua avó. Ou se foi a vários lugares e viu muita gente, porque volta com cheiro misturado.

Já rolamos de rir no chão, brincamos de aviãozinho, fizemos filmes, clipes musicais, assistimos zilhões de vezes High School Musical. Já cantamos que o cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada, fomos ao cinema, ao parque, acampamos na praia... Massagens de relaxamento para acalmar o estresse... Clube, piscina, natação, fadinhas...

Lembra do bico e da ií? ‘Mamãe, quero meu bico e minha iííííí!’. Aquela cara de sono, enroscando a ií e com os olhinhos quase fechando. E a bochecha mais gostosa do mundo que eu beijo todos os dias!

E sabe que cada coisinha sua é mais importante do que outra coisa qualquer? Desde o primeiro passinho desajeitado, do primeiro dente trocado, da doação de bicos para a dona gatinha e seus filhotes, da sua cara de lua apontando pro céu no colo da avó enquanto ela cantava ‘quando eu crescer e meu papai comprar um avião, vou te buscar, minha estrelinha na palma da mão’...

Ser promovida no trabalho é menos importante do que te ver passar de ano com boas notas. Terminar meu artigo final da pós-graduação tem menos valor do que te ver tocando violão. Te ver nadando é mais legal do que ir pro samba. Deitar abraçada com você e assistir Friends num dia de frio é melhor do que sair pra correr. Recitar cócegas, ‘Meu nome é Leandra, Leandra Borges’ e Terça Insana é melhor do que comprar roupa nova.

Você, filho, é melhor do que tudo. E ocupa um lugar tão grande no meu coração que não sei como ele não explode!

Seu cheiro bom de filho, suas mãos, seu bumbum de morder. Amo seu cabelo de índio quando sai da piscina e amo seu cabelo doido quando acorda com vontade de continuar dormindo. Amo tudo em você. Seu coração bom, seu jeito de pedir desculpas... Amo seu abraço apertado, amo suas histórias que não terminam nunca (apesar de não ter paciência para escutá-las...), amo quando me protege, quando pede colo e carinho de mãe.

Amo quando planeja seu quarto todo azul da nossa casinha. Amo quando me acha inteligente. Amo sua arte. A sua arte... Amo seus quadros, amo suas esculturas com massinha, massa de cola, jornal, pedaços de coisas quebradas, tudo! Amei quando você concordou em fazer um trabalho social comigo ensinando as crianças que não tem brinquedos a inventarem brinquedos com garrafas pet, rolos vazios de papel higiênico, barbante e o que mais vier na cabeça. E amei mais ainda quando você me disse “É, mãe! Nem precisa de brinquedo. A gente pode INVENTAR brinquedos!”.

Amo sua falta de preconceito e seu jeito de ver o mundo. Amo seu desprendimento das coisas materiais. Amo o amor que sente pela sua Nhanha e pela Dona Meia. Amo o respeito que tem pelo seu pai. Amo você inventar que vai dar aulas de cadeira de rodas para sua bisavó. Acho lindo quando você, mesmo com preguiça, vai ajudá-la a se levantar da cadeira de balanço. Amo poder ir a lugares bacanas com você. E amei quando você foi na Visual e escreveu pra mim que eu era uma mãe muito legal, ‘a melhor do mundo’ e que te levava aos lugares mais legais.

Amo sua esperança e seu jeito criança de enfrentar a vida. E isso me dá força, me dá alegria, me dá vontade de ser mais, de fazer mais. Isso me faz me amar mais e me faz ser uma pessoa melhor. E quando eu crescer quero ser igual a você!

E quando tatuei no meu corpo, bem grande, aquela frase é porque não tem como mesmo. Viver com você é assim.
É tão bom que PELA MINHA LEI A GENTE ERA OBRIGADO A SER FELIZ...
E aí EU PEÇO A DEUS PRA SER FELIZ E O QUE O BENDITO FAZ?


ELE EXAGERA!


Te amo mais que tudo!


Mãe
19 de Novembro de 2008,
11:06 h

2 comentários:

  1. Anônimo23:32

    Acho lindo você como mãe!!! Ou melhor, como tudo! Linda, uma mulher encantadora!

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  2. Amor, você merece isso tudo.
    Diego, que mãezona hein!
    Rubens, Parabéns pelo moleque, precioso e raro.
    O amor de vocês é radiante.

    Que sua felicidade seja exagerada sempre.
    E vamo que vamo pintar o quarto de azul!!!

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