Chegou da escola. Não tirou o uniforme. Nem almoçou. Largou a mochila na cama e correu para fora. Subiu as escadas do beco. No caminha encontrou Luizinho. Saltitaram juntos os últimos degraus cantarolando qualquer coisa. Meteu a mão no bolso e tirou dois pirulitos de coração. Deu um a Luizinho que lhe agradeceu com um sorriso verdadeiramente lindo. Depois das escadas viraram à direita e passaram em frente ao comércio do Sr. Geraldo. “Bom dia, muleques”. Não responderam, apenas sacudiram as mãos como se despedissem.
Chegaram à última casa, de portões brancos e parede verde água. Entraram pela porta dos fundos sem bater ou tocar a campainha. Foram para a sala de estar e cumprimentaram Zecão com um aceno respeitoso. Zecão afagou-lhes a cabeça e, sem dizer palavras, orientou o rapazinho moreno que também ali estava a lhes entregar um pacote para cada.
Saíram da casa verde água da mesma forma que entraram, correndo e sem dizer nada. E desceram morro abaixo. Viram pelo caminho um ex-amigo que fingiu não os reconhecer. A mãe aparece assustada e grita “Luiiiiiiiiiiiiiiz! Batida!”. Luiz joga o embrulho pelo muro vizinho e põe-se a correr.
O amigo corria. Neste momento viu a bala cromada invadir, sem piedade, as costas do pequeno Luiz. Em câmera lenta. E enquanto mais uma mãe chora o filho perdido no tráfico, mais um menino se revolta e jura fazer justiça com sua própria AR 15.
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