sexta-feira, outubro 26, 2007

A SUA RESPOSTA


Carol Bahasi
21/10/2007
22:45h
Lugar Inusitado


A SUA RESPOSTA resolveu acontecer assim, agora, sentada na poltrona 22 A, voltando do Rio de Janeiro, sem previsão para decolagem devido à falha dos radares de Brasília. (sic)

Minha pele dói, meu rosto arde, meus olhos sentem o peso do meu sono. Final de semana e um dia de férias um tanto quanto inusitados. Bom. Muito bom. Cheio de gentes, descobertas, incertezas. Somos o quarto avião na fila de espera. Viagem maluca que ainda não acabou. Ainda não.

E assim veio a SUA RESPOSTA. Sem aviso prévio de comparecimento. Inusitada também. E minha pele dói, meu rosto arde, meus olhos sentem o peso do meu sono e meu coração ta apertadinho no meio de um monte de coisas. Um coração um tanto quanto perdido e ao mesmo tanto com muitas escolhas. E sem nenhuma fuga. No meio de um tiroteio sem armas, de um manicômio sem amarras.

Coração aterrorizado pela idéia de chegar em casa e não encontrar ninguém à sua espera. Encantado, porém, pela idéia de chegar em casa e não ter ninguém a espera-lo. Coração partido. Coração colado, coração salgado. Doce.

Uma mente desmiolada e mãos cheias de tesouras desamoladas se desfazendo de cordões umbilicais. Vários cordões. Meus cordões e cordões de outras pessoas. Cordões fracos e cordões fortes.

Pedaços que deixei na viagem inacabável e construções que carrego comigo agora na minha bagagem de mão... Uma música com uma tremenda vontade de chorar porque não se pode cantar. Balões de dúvidas que, por muitas vezes não sabe se são dúvidas ou réplicas, rebatidas ou contragolpes.

Mas a SUA RESPOSTA não sei bem se respondeu. Talvez ela não caiba aqui. Talvez ela não caiba em mim.

...

A SUA RESPOSTA, na verdade, é a MINHA RESPOSTA. A minha resposta é que não cabe tanta coisa assim. Não cabe tanta coisa em mim. De uma vez só.

Por fim a RESPOSTA pode parecer padronizada do tipo “Tenho muitos problemas para resolver”, “Não tenho tempo”, “Espaço”, “Labirintos da vida”, etc. E não deixa de ser, enfim. Porque realmente não cabe mais nada em mim. Já to vazando.

Não se será sempre assim, quando começou, se começou... Mas agora meu peso vai além dos meus quilogramas, meu choro produz mais lágrimas do que posso chorar, minhas coisas estão mais intensas do que posso suportar.

E as MINHAS DÚVIDAS perderam absolutamente todas as SUAS RESPOSTAS. Pelo menos por enquanto.

5 comentários:

  1. Anônimo17:25

    Putz!
    queria dominar a palavra assim como domino a linha. Nunca vi um jeito tão maravilhoso de não responder, ou pelo menos por enquanto.
    As coisas mudam em nossas vidas. O pelo menos por enquanto e tdo que isso siguinifica, faz parte da minha vida agora tbém. Mas sentimentos não se apagam com borracha (nem traços, por isso uso canetas, não deixam marcas). Que a amizade sempre perdure (pelo menos por enquanto).
    Abraço
    Um amigo atrapalhado

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  2. Que perdure, Moica! Que perdure!

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  3. Anônimo09:55

    Com certeza foi o seu melhor post. Um forma legal de não dizer nada. Parabéns. Bjo e boa semana.

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  4. Anônimo10:56

    Peguei um trecho deste teu post, e "misturei" com um que escrevi. Não ficou lá essas coisas, mas acho que dá pra lê. Passa lá no O Arroto e confere. Bjo.

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  5. Anônimo19:10

    Manda um e-mail para dankingrr@hotmail.com, para que eu possa te mandar a cópia da chave da Confraria. Você poderá postar lá sempre que quiser, sendo que, quando fizer a postagem, passe nos blogs que estão listados lá para avisa do seu post ok.Bjos.

    www.confraria-dos-loucos.myblog.com.br

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