sexta-feira, maio 26, 2006

Tudo bem

Tudo bem.

Mas chegar em casa, mamada, depois de uma tarde inteira regada é um caso a parte. A bebida tem um efeito quase que hipinotizante sobre a gente. Não concorda? É porque você é muito careta! Só pode! Porque eu bebo há muitos anos e sei bem do que estou falando. Depois de beber um bocado a gente fica mais nostálgico, mais alegre, mais triste, mais sensível, mais alerta, mais tudo! Vai dizer que não? Pois bem. Estes momentos são ótimos. São mesmo.

Outro dia, ontem, cheguei em casa num destes momentos e curti. Cheguei em casa muito cedo, por volta das oito da noite, quinta-feira, depois de uma tarde inteira com uma turma das antigas, um pessoal bacana, que não via há muito tempo. Foi justamente neste momento que me vi pensando no quanto mãe e pai, de certa forma, influenciam os filhos. É engraçado. Mas se pai e mãe são executivos ou donos de academia ou garotos de programa, como podem não envolver os filhos nesta rotina?

Eu chegava em casa com meu filhote de seis anos e não pude deixar de questionar quando ouvi Diego cantando:

- Pai, afasta de mim este cálice...

E me lembrei de minha mãe me ninando cantando “... meu guri, olha aí, meu guri...” e meu pai dizendo “... este papo teu tá qualquer coisa, você já tá pra lá de marraqueshi...”. E foi muito engraçado, especialmente bêbada, pegar o celular e ligar pra minha mãe e dizer que sua dádiva tinha chegado á terceira geração. É lógico que ela achou ótimo. Eu também.

Diego, com seis quase sete, cantava “afasta de mim esse cálice” na maior felicidade. Ele levava nas mãos uma cobra de madeira, flexível, e um sapo de borracha. E jogava os brinquedos pra cima enquanto cantava sem noção da beleza do momento. É claro que, se tratando de uma criança, a música logo virou “cobra, afasta de mim este sapo...” e por aí vai. Mas a beleza não deixou de existir.

Enfim, sem objetivo de final extravagante cheio de pompas, o fato é que fico muito feliz de influenciar meu menino assim. Da mesma forma que bom ouví-lo dizer “... sabe, mãe, é isso que eu temo. Porque quando você está nervosa assim...” e “... esta é a minha opinião e pronto...”! E como é bom vê-lo decidir se guarda seu precioso dinheiro ou se compra o próximo álbum de figurinhas. Ou se gosta ou não de você. Porque a decisão e dele... E somente dele.

Minha mãe, quando eu tinha uns doze anos, vivia dizendo que a gente cria filho pro mundo... É... Cria mesmo. Só não achei que fosse tão rápido. Posso estar exagerando...

Tudo bem.

Tudo bem, meu filho. Pode ser jogador de futebol, engenheiro mecânico, bombeiro, psicanalista, lutador de boxe, surfista, baleiro, bailarino ou cantor de axé. E, se quiser, pode até cantar sertanejo.

Mas, repetindo o que dizia minha querida matriarca, enquanto morar debaixo do meu teto, filho amado, vai já tomar banho e se deitar pra dormir até às dez! E nenhum minuto a mais.

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