quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Vida Louca, mundo girando e eu ficando tonta

“... o mundo muda o tempo todo em uma velocidade assustadora e quem não acompanhar, ficará para trás. É preciso abrir a mente e estar receptivo às mudanças...”
O mundo sempre girou do mesmo jeito. A terra com sua rotação, latitude, longitude transversal, eixos, capricórnios, luas e satélites sempre existiram. Vista de cima ainda é igualzinha. Toda azul e bonita. Temos oceanos e continentes. Placas tectônicas, vulcões e desastres da natureza. Claro que este é um papo naturalista, coisa de Greenpeace e Ong´s de proteção à fauna, flora, crianças delinqüentes, entre outros.

Existe outro viés, porém, da tão temida por mim desde sempre, GLOBALIZAÇÃO. Aí a gente fala que o mundo isso e aquilo, que a TV emburrece o homem, que os computadores vão explodir, que o narcotráfico e os políticos e os palhaços e... O EMPRENDEDORISMO. O “Tem que estudar, fazer faculdade, oitos especializações, MBA na África do Sul”, viajar de mochilão pela Europa aos quinze, fazer cursos com todos os palestrantes, entender TUDO e absolutamente TUDO de programas e desenvolvimento, superação constante, saber ouvir, falar, negociar, liderar (moda), um olho no peixe e outro no gato, laptop com mini modem, celular com bluetooth, palm, máquina digital com não sei quantos mega pixels. Ainda tem que saber sobre os planos e processos e ainda tem que FAZER A DIFERENÇA (outra modinha).

Leia jornal, assista aos noticiários, invista seu tempo em conhecimento, tenha uma visão crítica, aprenda a falar em público, reconheça as necessidades de mudança, seja flexível...

E mais: faça um trabalho voluntário. Seja bonzinho enquanto “corre contra os lobos”. Faça boas ações enquanto paga impostos ao Leão. Não fume. Viva no ambiente estressante de corredores engravatados, o grande irmão com suas teletelas, chefes irritadiços, setores separados por “baias” onde você tem que caber mesmo com uma goteira na cabeça. Não beba. Pessoas que bebem podem ser consideradas riscos eminentes. Assim como as mães. E os deficientes. Sempre olha onde pisa, pois pode cair numa armadilha. Mas quando chegar aquele ultra-brilhante palestrante pra falar de motivação, finja que não precisa do fone tradutor, sorria e bata palmas. Afinal, a motivação não é o máximo? (meio até cor-de-rosa?).

E ainda temos que fazer exercícios porque somos a GERAÇÃO COCA-COLA SAÚDE! Temos que caminhar três vezes por semana, no mínimo. Fazemos isso pela madrugada...

Quando me deparo com estas situações ou recebo e-mails (porque estes vem aos montes) que tratam do assunto: URGENTE, MOVA-SE, me assusto. Que mundo louco é este onde tudo muda o tempo todo?

Pausa para respiração...
Ufa! Quase enfartei. Mas ainda rola uma taquicardia. E pressão alta. E um distúrbio psíquico qualquer.

Onde estão as praias e cachoeiras frescas? E a água de coco? E o ócio? E o descanso? E o livro debaixo da bananeira? E as crianças brincando na rua? Ah, não tem rua, só tem avenida. E, mesmo assim, estão todas na aula de esgrima... Onde fica o tempo pra ser gente? Pra ter filho, casar, fazer sexo, ir ao cinema, dormir, pensar no branco, discutir filosofia?

Se eu fizer tudo que me dizem os especialistas eu... eu... acho que morro. De troço, de piripaque de tremilique mesmo. Sabe o que é? É porque eu não tenho mesmo muito tempo e saco pra absorver tudo isso que o mundo de sempre que agora é mais rápido quer que eu faça. Tenho medo de DEIXAR DE VIVER.

E se John Lennon estiver certo na sua afirmação de que a vida é o que acontece quando estamos fazendo outros planos, putaqueopariou!

PÁRA. Eu quero descer. Vou me alongar um pouco. Dar uma esticada nas pernas, tirar água do joelho e de repente tomar um banho de chuva. Porque eu realmente SOU DIFERENTE. E até me apresento:

Ana Carolina Reis e Silva como Razão Social, Carolina Bahasi como Nome Fantasia e Carol para alguns bem poucos.

Formada em Administração, Pós Graduada em Jornalismo e Cultura e, agora, ambicionando o Mestrado em Antropologia Social.

28 anos de vida, um milhão de eternidade, mãe de Diego, 09 quase 10. Filha da pessoa mais inteligente do mundo. Neta de uma avó gordinha de 91. Tem ainda uma cachorra que acha que é gente e um papagaio de 40 anos chamado Pedro. Ele tem certeza que é gente. Gente verde. Ele morreu. Um gato chamado Lorde das Neves que acha que chama “Gatinho” que fugiu, desapareceu, escafedeu-se.

Frustrada um pouco. Pelo andar da carruagem do governabilismo brasileño, pelos meninos que tem fome, pelas desigualdades inabaláveis, pelos preconceitos sutis e pelos hostis e frustrada com suas próprias frustrações, na maioria das vezes.

Se espanta com a pergunta: “Qual a sua profissão?” e responde: administradora, atleta, filósofa, malabarista, marketeira, ginasta, psiconeurótica, mágica, produtora cultural, cantora de banheiro, especialista em dúvidas, escritora às vezes, entre outras coisas.

Desde que fazia balé, na primeira infância, dizia querer ser escritora. Ou professora. Ou médica. Ou atleta circense. Ou bombeira. E começava a fazer suas primeiras rimas. E dizia-os Poemas.

De lá pra cá, só cresceu. E o que mais tem haver com o crescimento. Mas ainda quer ser escritora, jornalista, bombeira, mágica, descobridora de tesouros perdidos, estudiosa dos duendes, cientista, presidente da nação, inventora, médica e psiconeurótica. Entre outras coisas.

Trabalha, estuda, escreve, lê, cria, sonha, materna, corre, chora, ama e dorme. Quase todos os dias. E VIVE. TODOS OS DIAS.

E ainda acredita piamente que um dia os homens descobrirão que todos esses discos voadores estavam apenas estudando a vidas dos insetos (citação de Mário Quintana) e que de nada vai valer o desespero do homo sapiens moderno em “engolir” tudo para não ter nada no final. Afinal, marciano não fala espanhol. Só se comunica TELEPATICAMENTE.

2 comentários:

  1. Se vc tivesse em uma prateleira, eu juro que eu te comprava....

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  2. Anônimo23:43

    Também compraria-te rsrs. Bjus.

    http://so-pensando.blogspot.com

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