quarta-feira, outubro 29, 2008

Meu Choro (sem vela)





Já teve “um quê de triste”?
Disseram que toda mulher tem que ter qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora...

Pois bem. Eu, mulher, Doninha, Carole, Carol, Ana Carolina, Mãaaaaaae!, Flor, Girassol, Nega, Rabicó, Branca, Amore, Linda, Bonita, Flore, Boneca, Cariño, Tia Carol, entre outros tantos... Hoje, chorei. Aliás, hoje precisava chorar a dias e dias atrás. E chorei tudo hoje. Num parto rompante de lágrimas salgadas e vermelhas.

Hoje chorei dormindo, chorei no trabalho, chorei dirigindo, chorei escondida no banheiro, chorei com cada “o que você tem hoje, Carol?”, chorei sentada, abraçada, afagada. Chorei tão salgado e vermelho que agora sou salgada. Com o nariz vermelho de rena, de tanto chorar.

HOJE EU CHOREI.

É bom chorar. Chorei com motivo e razão e chorei à toa. Assim como chorei injustamente. Chorei.
E pronto.

Minha amiga Kenzo me ensinou que posso chorar e que posso ficar triste. Sim. Que não se mensura dor. Que não se proíbe soluço. Que não devemos carregar bolas de neve nas costas nem lágrimas secas na face. Minha amiga Jazz me ensinou a chorar e pedir colo. Minha amiga e sócia, Verde, me ensinou a cair sobre seus ombros sem ter que explicar o porquê. Minha amiga Brisa me ensinou que é só chamar. Minha Lua me convenceu que eu sou mais importante que qualquer trabalho de faculdade ou outra coisa que valha. E sempre aparece.

E HOJE, com todo este respaldo, eu chorei mesmo. Chorei com vontade, com soluço, com BUÁ, com não conseguir falar, com não querer controlar, com sair correndo pra me esconder e com a cara lavada de chorar pra quem quiser ver.

Chorei porque ele não me liga, chorei porque sinto falta do meu pai, porque não consigo ser a filha que gostaria de ser, porque minha avó vai fazer 91 anos e porque não quero a obrigação de trocar fraldas todos os dias, porque não quero verificar mochila e dever de casa todas as noites, porque engordei, porque cortei o cabelo, porque sinto saudades da minha fada madrinha, porque minha Verde vai embora, porque não agüento mais esperar, por sensação de fracasso – de novo, porque senti saudades do Dedê, porque não consegui falar com o Dodô, porque minha pele está ressecada, porque não vendi todas as bolsas Erva Doce, porque não quero voltar pra casa, porque o Vadeco passou mal, porque minha mãe está viajando, porque estou com calor, porque quero ir à praia, porque parei de fumar, porque quero fumar, porque quero beber, porque quero dinheiro, porque só quero amar, porque meu corpo ta todo esquisito, porque to deprê, porque me chamaram de anorexa, porque me disseram que minha barriga ta enorme, pelos meninos que tem fome, pela Florisbelinha que voltou para os braços da mãe que chorava muito...

Por que ele não me liga, não me leva ao cinema? Por que minha avó dá tanto trabalho e ninguém vê? Por que não consigo ser a mãe amorosa que costumava ser e não agüento nem o barulho do desenho animado quando chego em casa? Por que, mãe, você tinha que enfartar aos 57 anos de idade? Por que estou tão triste hoje?

Assim e por outros motivos eu chorei. Por coisas que fiz, por coisas que não falei, por sapos e engoli... Não, Verda, não me martirizei. Só chorei, vomitando pra fora tudo. Por isso foi tanto. Deixei acumular.

E ainda tenho vontade de chorar...

Mas sabe de uma coisa? Ter vontade de chorar e chorar é bem melhor que engolir seco e inchar por dentro. É bem melhor assim, desaguando... Ainda mais quando ainda sinto meus olhos quentes e vermelhos, as bochechas rubras e salgadas. Dá até vontade de chorar.

Deixa a menina chorar em paz!

By Carolina Bahasi
29/10/08
15:59 h

Um comentário:

  1. Meu colo é quente, grande e confortavél! Faço cafunés além... Também quero chorar,podemos abrir uma confraria das lagrimas! O melhor de tudo é que passa... eu sei que passa...

    ResponderExcluir