domingo, setembro 21, 2008

A Chuva Levou




Hoje passei o dia todo com muito, mas muito sono mesmo. E, olhando para os lados, só via sono, gente com cara de fechar os olhos e um pesar de morte no ar. Tenso, pesado, enfadonho, grosseiro e lento. Tempo arrastado.

Hoje o dia foi de poucas pessoas, poucas atividades que me enchessem de outra coisa, que não o sono. Muito espaço e pouco nada. Tudo ao meu redor.

Faz dois dias que tenho um sono mal dormido, com sonhos estranhos que não me lembro de nada mais que flashes que esqueço logo quando lembro. E, talvez por isso somente, ou porque, além de dormir pouco tenha ficado duas noites vagando por aí, resolvendo algum problema no momento beta, tenha passado o dia com muito sono.

Este dia de hoje, cafifento de lentidão, preso a uma morte talvez mal morrida ainda, só mudou de estação agora.

Primeiro com trovões, anunciando a sua ida.

Depois o tempo feio, fechado. E o sono foi tão intenso ali, que pesquei de frente com o computador, meus olhos se emaranharam nas letras esquizofrênicas do papel. Achei que fosse cair no sono daquele jeito, como num desmaio.

Aí a chuva preta. Muito forte. Mais forte que meu sono. Hoje era dia de chover, mesmo...

A chuva preta ficou cinza, que ficou lenta, que diminuiu os trovões e relâmpagos, que fechou as janelas e que ficou alegre, enfim.

Alegre como as tardes de terminar o para casa, sentar no sofá da sala de TV, comer pipoca com queijo assistindo a seqüência Jaspion-Flashman-Cheangeman. Ou Tubarão, Lagoa Azul, Vale à Pena Ver de Novo e afins. Com os amigos do prédio, todos debaixo do mesmo cobertor.

A chuva veio, avisou, choveu, fez barulho e ficou bela depois. As bocas já nem mais bocejavam, os olhinhos não estavam mais tão cerrados e o espaço encheu mais um pouquinho.

- É... Ele disse Adeus quando o deixaram ir. – penso.

A chuva levou meu sono incontestável e trouxe o sol, acreditam? Trouxe o sol, o cheirinho bom de terra molhada, de plantinha hidratada, de abrir as janelas de novo porque acabou o filme e agora é hora de brincar.

Esta chuva esperta deu por mensageira e zeladora. Veio e buscou.




E deixou um pergaminho que dizia assim:




“Aqui não tem nuvens pra pular, não tem São Pedro com máquina do tempo, não tem asas, não tem nem chão nem teto. É muito, muito mais bonito mesmo. Nem tem como explicar!”.

Acredito que tenha ido em paz. Que bom.

By Carol Bahasi
15 de Setembro de 2008

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