segunda-feira, setembro 08, 2008

Bozó! Sem Lenço e sem Documento

Minha amiga gigante estava um tanto quanto desesperada quando solicitou a minha presença durante todo o feriado. Ela tinha que trabalhar, limpar, limpar, limpar, limpar, limpar... ops! Ela tem mania de limpar. E ainda tinha que adulterar um documento, ver um filme francês, correr, tomar cerveja, trocar de roupa, entrar na internet pra achar uma logomarca, tomar banho e, se desse tempo, depois do forró emendado, dormir um tiquinho.

Amiga é assim, né?

Foi Carol. Limpar, limpar, limpar, limpar, limpar... ops! Limpar o estúdio de tatuagem onde a moça grande trabalha. Pegamos um ônibus bem cedo, quase umas duas horas depois de chegarmos em casa. E ela foi falando que tinha que limpar, limpar, limpar, limpar... ops! Limpar o chão branco, passar pano em tudo, arrumar o iceberg da geladeira, dar um jeito naquele banheiro, nos materiais e tal. Tudo antes do tal “Bozó” chegar.

Eu, Marina Lima, limpei, limpei, limpei, limpei aquele banheiro como se fosse o banheiro mais sujo do mundo. Limpei demais. Lavei um tanto de coisas, joguei lixo no lixo errado (é, porque ela separa lixo de tatuagem do lixo de papel, do lixo de canudinho e do lixo de cinzas de cigarro...), escorreguei, cantei, me impressionei com o iceberg, comprei água de côco e tal. Enquanto isso ela rearrumava o lixo e, claro, limpava, limpava, limpava, limpava... ops! Limpava o chão. Que não ficava limpo nunca!

O tal do “Bozó” ia chegar a qualquer momento e ela ainda queria tirar a “imundice” que estava debaixo do tapete do espelho. Ah! e o “Bozó” ia chegar...

Resolvi que o boneco seria o “Seu João”, arrumei as caixinhas e o globo e os bichinhos e outras coisinhas enquanto ela dizia: “Ele me proibiu usar esta torneira – e apontou pra ela – para lavar panos sujos...”. E era exatamente isso que ela estava fazendo quando o “Bozó” chegou.

Chegou falando alto, fazendo barulho, chegou chegando mesmo. Olhou e disse: “Uai, mizifia! Agora tem ajudante artista aqui, é? Marina Lima?”. Alívio. Ele não brigou por causa dos panos, não achou estranho ao me ver com os pés embalados em sacolas de plástico e QUANDO ENTROU NO BANHEIRO, gritou: “Agora é que eu vou cagar feliz!”.

Um barato. Esse tal de Bozó é gente fina mesmo. Ele é diferente, ele é alegre, ele é muito Bozó. E ser Bozó não é para muitos. Ser muito Bozó, então...

Ele teve paciência e uma mão divina. Tatuou o dia em que pisei firme no chão: a data de nascimento do meu filho no meu pé!

Falou mais um tanto e foi embora.

“Realmente, Gigante! Ele é o máximo!” – falei.

Ele é tatuado, óbvio, cheio de graça, fala esquisito, é cordial, canta Vanessa da Mata, tem um boneco de luta, ensina a gente a chutar a pôrra do boneco quando ficar P da vida, dá abraços de sarava e chacoalha quando a gente precisa, sorri bunito!, tem um ramister que fala com a gente, tem um milhão de coisas e ainda um sofá VERMELHO aconchegante que abraça a gente e relaxa...

O Bozó é um milhão de gentes misturadas! Tudo ao mesmo tempo, em convergência e conflito. Mas sempre muito Bozó. E isso não é pra qualquer um!

Feliz dia do Bozó pra ele. É Bozó demais, gente... Como é que dá conta? Será que cabe?

Gente assim não se encontra em qualquer esquina...

Agora que terminei de ler este texto ele vai falar: “ô mizifia! brigadu, viu?”.

E é aquele eterno bordão: Eu peço a Deus pra ser feliz e o bendito exagera.

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