Uma crítica à imbecilidade do homo sapiens que vive de costas pro espelho e de frente pro passado, de braços cruzados, vestindo suas roupas de menino enquanto passa pela janela o samba popular...
terça-feira, maio 01, 2007
Feliz Dia do Trabalhador das Colméias
Poderia começar falando sobre desigualdade social. Mas vou começar falando das abelhas. E de suas colméias. As abelhas organizadas com suas comunidades onde todas têm mel.
As abelhas são bonitinhas só nas tatuagens e desenhos animados. De resto são feias, ferroam, machucam e dizem que até “picam” com seus dentes ferozes nossa doce pele de pêssego.
Mas as abelhas não precisam raciocinar o quanto vale o mel na bolsa de valores e sua correlação com o dólar africano (?). Elas só se organizam, sabe-se lá porque, e produzem e dividem o mel.
Elas nunca pensaram em fazer uma grande fábrica do mel, ganhar dinheiro, trocar escambo (redundante?), escravos, educar os filhos (filhotes).
Nós somos muito diferentes das abelhas. Nós roubamos o mel delas, colocamos em potinhos, vendemos, fazemos escambo, acompanhamos a bolsa de valores, acendemos a luz, apagamos a luz e deitamos no travesseiro e sentimos dores terríveis nas costas. E tomamos remédios. E fazemos remédios para tudo. E temos crises existenciais, transtornos bipolares, traumas de infância, batemos e matamos nossos pais.
E ainda matutamos e alguns de nós chegam a enlouquecer e ir parar no Galba Veloso por tamanha inquietação. E aí somos os loucos. Mas parecidos com as abelhas. Saímos do sistema. Somos parte do que não faz parte, da negação. Porque não existimos.
E as abelhas não existem.
Roubamos mel. Comemos mel e nem pensamos o que será do mundo se o mel acabar um dia.
Tem gente que não tem mel. Tem gente que tem camarão. Tem gente que pesca o camarão pra gente. Apanha, emburrece, empobrece, apanha de todos os lados, vive em inércia. E um dia acorda. E pega uma faca e corta nosso pescoço.
Nós não queremos estes que cortam nosso pescoço. Queremos somente que eles nos forneçam o mel.
Mas uma hora ou outra eles acordam e cortam nosso pescoço.
01/05/2007
01:53
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As abelhas são como as mulheres: gentis, dóceis e trabalhadeiras, mas sabem a hora de dar suas ferroadas.
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