“O ministério da saúde adverte: Este produto contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, e nicotina que causa dependência física ou psíquica. Não existem níveis seguros para consumo destas substâncias.”
Boate. Lá pelas tantas. Tantas cervejas. Tantas horas. Fila do caixa. Rachel e eu.
- Vocês já vão embora? Mas por quê? – a amiga pergunta.
- É que a gente ta meio cansada e você sabe, né, hoje ainda é quarta-feira e coisa e tal. – desculpa esfarrapada.
Fila. Nossa, mas que demora pra menina achar o cartão de crédito pra depois o caixa dizer que não aceita cartão de crédito e ela começar tudo de novo, agora em busca do talão de cheques.
- Rachel, - mamada – olha aquela plaquinha ali em cima do caixa. Ta vendo? Eu queria escrever sobre aquilo, mas eu tenho certeza que amanhã eu não vou lembrar o que estava escrito.
- Ah... – mais mamada ainda – É...
Silêncio.
Duas amigas de longa data, numa boate meio escura, meio alcoolizadas, uma falando embolado e outra com os olhos quase fechados. Vinte e tantos anos quase trinta (que exagero). Se arredondar vai pra trinta, entende? Duas mulheres adultas. Pensativas. Uma pensando que quando eram jovens eram mais aventureiras e como a vida lhe dava em anos o que lhe tirava em criatividade. E outra pensando em como estava velha e o que poderia fazer pra se sentir melhor e mais jovem de espírito. Caladas.
- Vamos ARRANCAR (boca cheia para enfatizar o vandalismo) a tal plaquinha pra você levar pra casa? – disse com fala embolada – Aí não tem jeito de você esquecer e amanhã vai poder lembrar exatamente o que estava escrito.
- Vamos. Mas como?
Ambas sabiam que, na realidade, o objetivo era o prazer em reviver situações perigosas e grandes aventuras de outrora. Mas não tocaram no assunto.
Eu (não sei como tive coragem) levantei o meu braço esquerdo, meio que sorrateiramente, e, num impulso, arranquei a plaquinha do teto. Ai. Ninguém olhou. Mas eu comecei a ter tremedeira e fiquei com medo de alguém aparecer apontando o dedo pra minha cara. Sem saber o que fazer, entreguei nas mãos de Rachel, minha comparsa, o objeto do crime. Ela, por sua vez, olhou ligeiramente para os lados e, num rápido e silencioso movimento, acoplou a plaquinha à sua barriga, por debaixo da blusa. Ufa. Todos sabem que os próximos instantes ao crime são os mais angustiantes. E só ficamos tranqüilas depois que pagamos a conta e saímos dali.
Acordei hoje e dei de cara com a plaquinha que insiste em me dizer que não adianta fazer nada. Que eu tenho mesmo 26 anos de idade e que roubar plaquinhas de boates não é nada demais. E que ninguém deve ter visto nada e que não corremos risco algum. Pronto.
É a idade... Mas o pior de tudo é acordar hoje, ler o que está escrito na plaquinha e não saber porque, afinal de contas, eu queria tanto saber o que estava escrito nela, porque eu absolutamente não me lembro sobre o que de fato queria escrever.
Já sei pq vc queria a plaquinha!!! Era pra dizer que vc "NÃO FUMA CIGARRO DE PAPEL", ou seja, aquele alerta da plaquinha não se aplica a vc... Será???? (rsss)
ResponderExcluirNoite curta mas especial... ADOREI!!! Beijos!!!
Rachel.
Quando eu vejo esses avisos, penso que eles dão ótimos motivos para não se aproximar do cigarro, mas poucos ou nenhum eficiente para LARGAR o cigarro efetivamente. Ou talvez eu esteja simplesmente me enganando, o que não seria surpresa nenhuma.
ResponderExcluirquem nunca "viajou" que atire o primeiro drink.
ResponderExcluirbjos,
Sempre o problema do gravador que não estava ali, bem na hora que surge aquela idéia genial (às vezes, genial só porque estamos bêbados), e perdemos para todo o sempre a idéia genial pra escrever alguma coisa.
ResponderExcluirE correr riscos... sempre bom.