Casal de namorados. Ele olha para o lado. No lado, por pura coincidência do destino, tem uma loira peituda. Ela pergunta “você estava olhando para aquela rapariga?” e ele responde “claro que não” e solta um “você é uma neurótica”. Ela emburra e arquiva o erro 2.447.223 no campo TRAIÇÃO e com a palavra chave CARA DE PAU. Ele lhe dá um beijo na testa e dá o assunto por encerrado.
Eles no cinema, dois dias depois. Comédia romântica. Ela está sensível e chora. Ele a afaga. Ela pede uma pipoca doce. Ele diz que “no meio do filme não dá” e ela chora mais. Saem do cinema pensando em tomar alguma coisa. Ela suco e ele cerveja. Ela emburra. Ele pergunta “o que foi agora?” e ela diz “nada”. Ele insiste umas dezoito vezes até que ela responde “... aquele loira da rua...” e ele diz “ãh?” e ela diz “não se faça de bobo” e ele pensa mas não diz “vai começar de novo”. Ela fala e fala e fala. Ele observa o novo carro da Fiat. Ela ainda fala quando ele tenta resolver o problema sugerindo um motel. Ela diz que ele é um safadosemvergonhacachorrocafajeste! Ele coça a cabeça e pensa em chamar o Tonico pra tomar uma cerveja. E ela se sente gorda e feia.
Cinco anos depois. O relacionamento está desgastado. Ele diz que é porque ela é muito ciumenta e ela diz que é porque ele não lhe dá atenção mais e que deve estar transando com a secretária e que ela ta gorda e outras coisas. Mas a verdade é que ele ainda não aprendeu a ficar calado quando ela ta na TPM e ela não entendeu que ele tem um chip que comanda os movimentos do pescoço quando passa mulher na rua. Eles pensam em terminar. Ele sabe que ela vai lembrar até do dia em que ele balbuciou um “anhannha” enquanto dormia e que isso era porque devia existir alguma Joana na sua vida e eticétera. Ela, por sua vez, sabia que ele ia negar todas as safadezas que ele fez e não ia brigar com ela e ia só ficar calado sem tentar resolver a situação.
Eles terminam após uma cansativa passagem que ela fez sobre todos os problemas que tiveram durante o relacionamento, uma lista de 101.223.665.889.695.245.325 idiotices que ele fez, sem considerar aquele dia que ele cochilou no sofá e ela precisava de uma palavra de carinho. Ele coçou o saco, deu três pulinhos, fez promessa e até pensou em colocar palitinhos nas pálpebras para não dormir. Enquanto ela falava. E ele pensou na Joana.
Os dois não são mais namorados. Nem são amigos. São somente ex. Ele agora namora Joana. E ela o Carlinhos.
Ele e Joana a caminho do cinema. “você olhou praquela ruiva?”.
Ela e Carlinhos no caminho do cinema. Passou uma morena peituda e bunduda.
E começou tudo de novo.
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ResponderExcluirSimplesmente adorei! acho que o meu último poema diz sobre isso, rs
ResponderExcluirbjos
Tem uma peça do Nelson Rodrigues, "Perdoa-me por me traíres", que costuma consertar o defeito feminino. Rá.
ResponderExcluirAdorei. Somos todos iguais II, a missão.
ResponderExcluir:-)