Quando estamos in love temos mania de ver vestígios da paixão em tudo quanto é lugar. Qualquer música romântica, de uma hora para a outra, pode se tornar a nossa música e qualquer comédia romântica tem haver com aquele dia.
Lembro-me que quando me apaixonava conseguia ver entrelinhas em cada coisa. Exemplo: Se me dissesse, numa conversa informal, que era fanático por futebol americano, entendia eu que, na realidade, ele dizia o quanto seria legal viajarmos juntos para os Estados Unidos. E, numa outra ocasião, li uma frase anônima no jornal da faculdade que dizia que “para conhecer verdadeiramente uma mulher que lhe pintasse os cabelos de loiro acinzentado” e tive certeza que a piada era fruto daquela conversa que tivemos sobre cortes de cabelo num outro momento.
A paixão é coisa do coração, ardente e fogosa. E idiota. Já dormi abraçadinha a uma caixinha de relógio que minha ex-paixão e eterno melhor amigo, Pepi, deixou na casa de um colega em comum. Já fiquei dois dias sem comer sólidos pra diminuir a barriga. Já comprei velas para forjar uma repentina falta de luz. Já falei precipitadamente que amava.
O preocupante é quando essa coisa de paixão cisma de virar amor e começa a fuçar caixas de e-mails e mensagens de celular. E quando qualquer bunda parece melhor e quando não atura muito as cuecas no meio do quarto. Perigo.
Mas perdi de vez o encanto quando sufoquei achando que não mais poderia respirar, me deitei no chão gelado jurando que morreria ali mesmo e que senti, do jeito mais literal possível, a dor do coração, que foi parando aos pouquinhos de bater. E, por pouco, por muito pouco mesmo, não me ajoelhei na minha própria humilhação. Redenção.
Perdi o encanto. De vez.
Até que resolve me aparecer uma outra música e não é que outro dia vi aquele novo filme que me lembrou aquela situação? E, já não bastasse palpitar vez ou outra, o danado do peito se enche toda vez que toca o bendito telefone? E agora resolvo comer umas saladinhas para desintoxicar minha alma? Mas o pior é que acabei de ler um e-mail e fico achando que é um convite pra sair pra jantar...
É uma dor terrível mesmo. Parece que os rostos da escuridão estão azafamando a pessoa que sofre assim. É um ótimo texto. Parabéns.
ResponderExcluirTão lindo quanto a dona
ResponderExcluirtão inteligente quanto a escritora que eu vejo nascer
lindo querida
amo tudo que escreves...
Olá!
ResponderExcluirSeus textos são ótimos! Tenho entrado aqui, e vou lendo devagar.
Começamos bem =)
Tava aqui pensando em padronizações e nas pessoas que não tem lábios. Será que só falam nas entrelinhas?
Tens toda razão e não pense que está sozinha nessa. Comungo dos seus sentimentos e pensamentos neuróticos, somos todas iguais.
ResponderExcluir:-) Agradeço a visita no Fio.
bjs