segunda-feira, maio 29, 2006

Pára Raio

Minha amiga me disse ontem que sou “para raio de encosto”.

Minha amiga me disse isso porque eu tenho mania de querer ajudar os outros, especialmente os pobres oprimidos tímidos gordos amalucados, ao invés de curtir a minha cerveja calada na minha.

Ontem, por exemplo, aconteceu mais ou menos isso. Quer dizer... Aconteceu exatamente isso. Um gordinho aparentemente envergonhado chegou perto da minha mesa interessado numa pessoa da turma. Eu, super solidária e entendedora das causas do coração, tentei ajudar. Esta é a minha péssima mania de me foder. No começo foi legal. O cara era bacaninha. Inteligente, esperto, sagaz, educadinho, etc. Só que a pessoa, alvo de seu encantamento, levantou da mesa e me deixou lá conversando com o gordinho saliente.

Eu tenho essa mania irrefutável de querer dar atenção pros outros e sempre me estropio. Mas eu fico com o coração na mão e penso que poderia ser eu, sei lá. Aí fiquei batendo um papo com o cara. Aí ele foi ficando um chatinho carente. E o cara ia falando, falando... Começou a perguntar onde eu moro, se é casa ou apê, se é perto de não sei aonde, onde estudei, etc. Quando ele falou alguma coisa sobre carro eu saí fora. Que cara chato!

Subi. Dancei. Bebi. Bebi.

Tenho que parar com essa mania de tomar anfepramona e depois encher a cara. Quando descemos de volta para a mesa eu já tava trocando as pernas. Fiquei ruim à beça. E o bendito ainda tava lá e veio falar um tanto de coisa comigo e eu já queria encher a cara dele de socos. Levantei e fui pegar uma coca porque se não ia passar mal e vomitar no chato. E ele tava conversando com um amigo nosso. E ele perguntou se ele tava de carro, onde morava, quanto valia o apartamento e um monte de outras bostas.

Não agüento! Eu sou mesmo dessas que fica com dó e depois vira a responsável pelo encosto o resto da noite. Quando ele veio falar comigo de novo eu respondi que ele era um “materialista idiota”. E, por incrível que pareça, o cara continuou lá e me perguntou se é porque ele falava muito de carro, porque, sabe, a minha paixão é carro e na minha família tem uma casa de tantos milhões e meu pai e minha faculdade e meu carro e meu, ARGH!

Aí alguém interrompeu e perguntou ao cara porque ele não bebia cerveja? Ah, é porque eu tomo remédio controlado porque sou bipolar e eu tomo a não sei quantos anos e se eu não tomar eu fico assim eufórico e dano a falar um monte de baboseiras e dano a gastar dinheiro e depois eu fico deprimido e fico falando de carro e...

Não sei o que mais ele disse porque deixamos ele lá.

Fomos embora e eu pensativa nos meus enlameados de idéias flutuantes...

- Ôu! Que que cê tá viajando aí? – me perguntaram.

E eu tava pensando no quanto a bebedeira influencia estes momentos porque todas as noites eu arrumo um encosto e que eles se apegam a mim de uma maneira impressionante e às vezes conseguem meu telefone e me mandam e-mails.
Mas o mais incrível das minhas idiotices é que quando os encontro de novo sempre escuto “muito obrigado pelos conselhos” ou “valeu pelo que você fez aquela noite”. E eu nunca sei do que estão falando.

Um comentário:

  1. Anônimo12:26

    É minha amiga Carol, o dia que inventarem uma vacina contra chatos, sou capaz até de emprestar uma grana no banco. Só que tem um negócio implícito aí: o carinha tava a fim de vc. Quem mandou ser bonita e inteligente. . .Agora aguente!

    Nickinho

    ResponderExcluir