quarta-feira, maio 31, 2006

Intimidade

Minha irmã sempre disse que a maior intimidade que um casal poderia ter era fazer cocô, um na frente do outro. E sempre fez questão de me lembrar isso como se fosse um termômetro do relacionamento. Sempre que eu namorava, ela perguntava:

- E aí? Já fez cocô na frente dele?
- Não.
- Nem soltou um punzinho?
- Não.
- Nunca arrotou?
- Não.
- E já tirou meleca, cera de ouvido, sujeira do umbigo, bicho de pé, piolho, lêndea, alguma coisa?
- ...

Devido ao assunto constrangedor a chamarei, neste texto, de Camila*. Pois bem. Camila defendia sua idéia assim:

- Veja bem. As coisas mais nojentas e também mais íntimas que um ser humano é capaz de fazer são cocô, xixi, comer meleca, etc. Se você não pode dividir isso com a pessoa que você ama, você não tem intimidade com ele. Imagine se você casa com o cara. Enquanto vocês namoram você não caga nem mija? Aí você resolve cagar justo na lua de mel... O que você acha que ele vai pensar? Você tem que acostumar o cara... Coisa mais ridícula é dizer que ‘vai ali e já volta’ quando todo mundo sabe que você vai é passar um fax!

Já não bastasse ouvir a explicação eu ainda ouvi, várias vezes, relatos detalhados de situações onde ela e o namorado fizeram cocô juntos ou assistiram ao cocô, um do outro. E isso não era menos constrangedor.

De repente, outro dia, me vi numa situação que me fez lembrar de tais fatos. Fomos à praia, meu namorado e eu. Tudo era lindo. Resolvemos fazer uma caminhada na areia e ir a algum lugar, assim, menos movimentado. Até então, tudo ok. E andamos de mãos dadas nos entreolhando apaixonados. O mar estava belo, o sol quente nos aquecia o desejo. Comecei, neste meio tempo, a sentir uma vontade biológica me aturdir. Mas a ignorei e continuamos andando. O problema foi que, ao chegarmos ao nosso destino, a vontade fez questão de aumentar e me impediu de pensar em outra coisa. Lembrei-me de Camila e sua vozinha me dizia “é agora ou nunca”.

- Amor...
- Sim?
- Vamos embora?
- Por que, môzinho?
- Nada.
- Pode dizer.
- Vergonha...
- Ah, quê isso, querida! Não temos segredo, não é mesmo? Pode dizer. Não vou rir, prometo.
Diante do sinal da cruz como promessa, resolvi dizer alguma coisa. E ainda ouvia Camila dizendo “esta é a hora” e meu coração palpitando e minhas pernas bambas e meu suor escorrendo e disse:
- É que... Eu não te amo mais.

Terminamos neste dia. E, depois disso, procurei um terapeuta pra me tratar. E ele me disse que eu tinha um sério problema em me abrir e que deveria fazer alguns exercícios de relaxamento.

Agora eu digo todos os dias:

- Eu faço cocô!

E tenho certeza de que estou me curando. Entendo que alguns pretendentes ainda não entenderam. Acham muito estranho me ouvirem dizer isso no primeiro encontro. Mas é porque não estão preparados para a intimidade. Coitados. Eu também já fui assim.

Agora tenho consciência de que todos o dias tenho que matar um leão para não voltar atrás. E estou me preparando para o último passo do tratamento. Quando conseguir, sei que estarei preparada para um relacionamento íntimo. Será a minha cura! E isso será no dia em que conseguir dizer, sem ressalvas:

- Eu cago, tu cagas, nó cagamos!


* Todos sabem que só tenho uma irmã. Mas o seu verdadeiro nome não é Camila. É Camilla.

5 comentários:

  1. Anônimo11:10

    e ai sócrates!!! adorei msmo o texto da intimidade....rsrsrsr.... só naum acho q um casal tem q ser intimo a ponto d fazer cocô um na frente do outro.... acho q quando isso acontece acaba todo o tesão entre o casal... intimidade é bom...mas isso é informação d+.....é isso!!! t+
    bjinhos!!!!

    ResponderExcluir
  2. Anônimo15:24

    Hi people
    I do not know what to give for Christmas of the to friends, advise something ....

    ResponderExcluir
  3. Anônimo11:30

    Hello. Good day
    Who listens to what music?
    I Love songs Justin Timberlake and Paris Hilton

    ResponderExcluir
  4. Anônimo17:42

    Como é mesmo incrível essa internet! Procurando uma coisa e acabei de frente com essa crônica... Me interessou de cara pois eu sofro infinitamente do mesmo "problema"... No Segundo ano de namoro ele me perguntou: -"Você não caga?"... Tivemos uma crise de riso (a minha de nervoso, vergonha, sei lá).
    A questão á que estamos juntos há 4 anos e acho que ele já se esqueceu de me convencer que é algo normal e eu não preciso criar histórias mirabolantes todas as vezes que preciso ir ao banheiro.
    Preciso de terapia!!! Rsrsrsrs

    ResponderExcluir