Trabalhei numa empresa onde a comunicação era supervalorizada. Qualquer um poderia, satisfeito ou insatisfeito, escrever uma cartinha para o presidente da empresa e expressar seus sentimentos. O presidente, responsável pelas sete filiais, além da matriz, receberia a carta e tomaria as decisões cabíveis para cada uma das questões levantadas.
A empresa e o presidente, obviamente, tiveram a melhor das intenções quando inventaram a moda. E ainda fizeram mais. Todas as cartas seriam lidas e não precisariam de identificação. Então, se um funcionário quiser denunciar o outro, tudo bem. O senhor Presidente resolveria. De cabo a rabo.
Vi gente escrevendo que o senhor Presidente disponibilizasse mais opções de sobremesa no almoço, que contratasse uma amiga desempregada ou que lhe comprasse uma cadeira nova. O senhor Presidente, claro, se tivesse um tempinho livre, resolveria cada caso. Mas acho que o presidente não deveria ser assim lá muito disponível. Ele, provavelmente, tinha que trabalhar. Aliás, deve ser por este motivo que ele contratou um gerente geral para cada filial, coordenadores e supervisores para cada área. São pessoas com habilidade para tomar decisões e, de repente, solicitar ao setor de Compras, uma cadeira novinha em folha.
Mas o pior caso constatado foi quando uma funcionária reclamou da menina do RH. Ela dizia, sem ter mais o que dizer, que a mocinha, uma bandida hipócrita, usava roupas muito elegantes, saltos muito altos e que isso criava uma barreira para com as outras funcionárias mais humildes e que este comportamento deveria ser banido.
Ainda não sei qual a resposta do senhor Presidente. Mas como percebo que a situação está gritante, resolvi escrever, eu mesma, uma carta para o senhor Presidente. Abaixo alguns trechos:
“Senhor Presidente,
Venho por meio desta, me candidatar à vaga de Assistente do Presidente Responsável pela Comunicação Interna e Resolução de problemas Idiotas.
...
Entendo, Senhor Presidente, que o senhor, sozinho, não atende a demanda de funcionários tão necessitados, cada qual com seu problema individual e egoísta. Serei eu, portanto, quem vai ajudar resolvendo cada uma das questões enviadas.
...
Já adianto, Senhor Presidente, que, além de disponibilizarmos doze tipos de sobremesas para o almoço, não deveríamos mais acatar atitudes arrogantes, escandalosas e absurdamente insolentes como a da Senhora Solange Rita Juliana Maria Faria, analista de RH. Será, portanto, expressamente proibido o uso de roupas elegantes, cabelos sedosos e, principalmente, Senhor Presidente, uso de scarpins (Lê-se escarpans) com mais de 03 centímetros de salto.
E tenho dito.”
Observação: Ninguém, até hoje, enviou nenhuma carta falando, efetivamente, de trabalho.
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